Trecho da obra de Auguste de Saint-Hilaire (1779-1859), naturalista francês em viagem ao Rio Grande do Sul nos idos de 1820.
...Ainda tomei dois mates antes de partir. O uso dessa bebida é geral
aqui: toma-se mate no instante em que se acorda e, depois, várias vezes
durante o dia. A chaleira cheia de água quente está sempre ao fogo e,
logo que um estranho entre na casa, oferecem-lhe mate imediatamente.
O nome de mate é propriamente o da pequena cuia onde ele é servido,
mas dá-se também à bebida ou à quantidade de líquido contido na cabaça;
as sim diz-se que se tomaram dois ou três mates, quando se tem esvaziado a
cuia duas ou três vezes. Quanto à planta que fornece essa bebida,
chamam-na erva-mate ou simplesmente erva. A cuia pode conter cerca
de um copo d’água; enche-se de erva até a metade e, por cima, põe-se a
água quente. Quando a erva é de boa qualidade, pode-se escaldá-la até
dez ou doze vezes, sem renovar a erva. Conhece-se que esta perdeu sua
força e que é necessário mudá-la quando, derramando-se-lhe água
fervente, não se forma espuma à superfície. Os verdadeiros apreciadores
do mate tomam-no sem açúcar, e então se obtém o chamado mate-chimarrão.
A primeira vez que provei tal bebida, achei-a muito sem graça,
mas cedo me acostumei a ela e, atualmente, tomo vários mates seguidamente
com prazer, até mesmo sem açúcar. Acho no mate um ligeiro
perfume misturado de amargor, que não é desagradável. Muito se tem
elogiado esta bebida; dizem que é diurética, combate dores de cabeça,
descansa o viajor de suas fadigas....
A Obra encontra-se disponível em
.http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/ResultadoPesquisaObraForm.do
Bela matéria sobre o nosso chimarrão.
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