sexta-feira, 14 de outubro de 2011

A Ministra e a Gisele


- Mãe, por que o governo quer proibir a propaganda com a Gisele?
- Filha, é porque a ministra acha que essa propaganda reforça “o estereótipo equivocado da mulher como objeto sexual e ignora os grandes avanços alcançados para desconstruir práticas e pensamentos sexistas”.
- Ah, e o que é estereótipo?
- Estereótipo é uma imagem preconcebida de determinada pessoa, coisa ou situação. Na verdade a ministra e o governo estão querendo dizer que essa coisa de mulher seduzir o marido, usar charme, etc.. é coisa do passado e machista, depois do feminismo e todas as conquistas. É uma visão preconceituosa da mulher. Uma visão errada. Entendeu?
- Mais ou menos. Mas não teve a tal marcha das vadias no Brasil, em várias cidades?
- Teve, sim. Mas a marcha das vadias é contra o machismo e pelo respeito as mulheres.
- Mas tinha muita gente de calcinha e sutiã, igualzinho a Gisele no comercial.
- É. Mas é diferente. É um protesto.
- Mas protestar de calcinha e sutiã, numa marcha das vadias também não é reforçar o estereótipo equivocado da mulher como objeto sexual e ignorar os avanços alcançados para desconstruir práticas e pensamentos sexistas?
- Bem...
- E chamar a mulher de vadia não é ofensivo às mulheres mãe?
- É.
- E por que a ministra não quis proibir a marcha também, mãe?
- Não sei. Pergunta pra professora amanhã que tá começando a novela.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

A Justiça e o Rui



  
     O nosso velho Rui Barbosa já dizia que “justiça tardia não é justiça. É injustiça manifesta”. E há o ditado popular que diz que “a justiça tarda, mas não falha”. É porque o velho Rui e o adágio popular não conheceram a atual justiça brasileira e o nossos ministros do STF, que, após longos discursos com direito a citações poéticas onde discorrem como atores as suas falas, por fim deliberam e liberam mais pérolas jurídicas a sociedade brasileira.

     Há pouco tempo conseguiram ver no terrorista italiano Cesare Battisti, condenado na Itália por assassinato um refugiado político. Mesmo com muita licença poética fica difícil acreditar que esse homem é perseguido político e por isso deve ser acolhido de braços abertos no Brasil.

     Depois veio o episódio do médico Roger Abdelmassih, 67 anos, que está foragido da Justiça após ser condenado a inimagináveis 278 anos de prisão. Aproveitando-se do STF conceder-lhe o direito de responder ao processo em liberdade, simplesmente sumiu do país, é claro. Registre-se que sua esposa é Promotora. Parabéns ao STF. Abdelmassih agora está em algum lugar paradisíaco curtindo suas férias de 278 anos. Isso que é justiça. 

     Por sua vez, um ministro do STF recentemente faltou a um julgamento a fim de  participar do casamento do advogado criminalista Roberto Podval na ilha de Capri, na Itália. O módico casório para 200 convidados dava direito a dois dias de hospedagem grátis em hotel cinco estrelas com diárias R$ 1,4 mil a R$ 13,3 mil. No STF, o ministro é relator de dois processos nos quais Podval atua como defensor dos réus. Quanto ao advogado, defende o acusado de matar Celso Daniel e o casal Nardoni. Mera coincidência. 

     Por último, em setembro o STF desclassificou os crimes cometidos por motoristas embriagados de homicídio doloso (com intenção de matar) para homicídio culposo (sem intenção de matar). Ou seja, pode beber a vontade, encher a cara até cair, pegar um carro, matar uma meia dúzia de pessoas que será crime culposo. Mais um serviço prestado a sociedade brasileira.

     Ah, tem o episódio Edmundo, que por absoluta ineficiência da justiça teve o processo prescrito, ou seja, foi extinto por decurso de prazo. Acabou. Três pessoas foram mortas em acidente provocado pelo “animal”. O crime é de 95, pasmem.

      Com o agravamento da violência nos diversos níveis, e devido a visível impunidade, que há muito tempo não é mais “sensação” e sim “constatação”, o brasileiro não acredita em suas instituições que deveriam zelar pelo cumprimento das leis. Vão caindo todas uma a uma, como em um dominó e a desilusão é generalizada. Dizem que cada povo tem o STF que merece. Talvez mereçamos o nosso.
     
     Coitado do Rui Barbosa. Se vivesse na nossa época ia entrar em depressão e iria querer voltar rapidinho para o começo do século XX. Depois destas, só resta citar uma frase sua, tão atual e prova que não mudou muita coisa “na história deste país”. Lá vai: “De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”. Descanse em paz Rui Barbosa.


segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Série Microcrônicas - Distâncias


Maria é uma menina de 12 anos. Está feliz porque chegou a 300 amigos no Orkut. É um recorde. Para ela, é claro. Porque as amigas têm até mais. Mas ela chega lá. Além de dezenas de comunidades. Entre elas: “Eu odeio a escola”. Mas ela até gosta da escola. É legal a escola, mas entrou porque todas as amigas participam dessa comunidade. Trezentos amigas e amigos virtuais. São muitos amigos. Bem, eles são reais também né? Pelo menos ela acha. Alguns ela conhece de verdade. Os outros são só virtuais mesmo. Mas são pessoas reais, isso que ela quer dizer. Mas seu pai diz que nem todo mundo é o que diz ser, na internet. Seu pai tá por fora. Passa horas conversando com as amigas. Ela também tem Twitter, MSN e Facebook. Mas não gostou muito do Facebook. É bom ter amigos. Tem uma menina que mora perto da sua casa. Mas ela não falou com a menina ainda. Parece ser bem legal. Gostaria de ser sua amiga. E fica pensando: será que ela tem orkut?
Rogério N. Eguillor

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Viagem ao Rio Grande do Sul

Trecho da obra de Auguste de Saint-Hilaire (1779-1859), naturalista francês em viagem ao Rio Grande do Sul nos idos de 1820.

...Ainda tomei dois mates antes de partir. O uso dessa bebida é geral
aqui: toma-se mate no instante em que se acorda e, depois, várias vezes
durante o dia. A chaleira cheia de água quente está sempre ao fogo e,
logo que um estranho entre na casa, oferecem-lhe mate imediatamente.
O nome de mate é propriamente o da pequena cuia onde ele é servido,
mas dá-se também à bebida ou à quantidade de líquido contido na cabaça;
as sim diz-se que se tomaram dois ou três mates, quando se tem esvaziado a
cuia duas ou três vezes. Quanto à planta que fornece essa bebida,
chamam-na erva-mate ou simplesmente erva. A cuia pode conter cerca
de um copo d’água; enche-se de erva até a metade e, por cima, põe-se a
água quente. Quando a erva é de boa qualidade, pode-se escaldá-la até
dez ou doze vezes, sem renovar a erva. Conhece-se que esta perdeu sua
força e que é necessário mudá-la quando, derramando-se-lhe água
fervente, não se forma espuma à superfície. Os verdadeiros apreciadores
do mate tomam-no sem açúcar, e então se obtém o chamado mate-chimarrão.
A primeira vez que provei tal bebida, achei-a muito sem graça,
mas cedo me acostumei a ela e, atualmente, tomo vários mates seguidamente
com prazer, até mesmo sem açúcar. Acho no mate um ligeiro
perfume misturado de amargor, que não é desagradável. Muito se tem
elogiado esta bebida; dizem que é diurética, combate dores de cabeça,
descansa o viajor de suas fadigas....

A Obra encontra-se disponível em
.http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/ResultadoPesquisaObraForm.do

domingo, 21 de agosto de 2011

Saudações

Saudações a todos. Sou o Rogério e este é o meu blog.. Nem sei direito o que é isso, mas vou tentar usar. Eu prometo. Este espaço é destinado a postar coisas interessantes, opiniões pessoais e impessoais, idiossincrasias mentais, generalidades e efemérides contemporâneas da atualidade, seja lá o que isso quer dizer. Espero que  gostem.

sábado, 20 de agosto de 2011

Minha "Preciosidade"


A Insustentável Leveza do Motorista


Qual o problema maior do trânsito em Dourados ou em qualquer outra cidade, hoje? Qual a causa de tantos acidentes? Seriam as condições de nossas ruas ou rodovias, muitas vezes com buracos e mal conservadas; seria a falta ou deficiência de sinalização, ou teria origem na formação do condutor nas autoescolas?

As condições ruins de muitas ruas, com buracos, às vezes verdadeiras crateras e desníveis com certeza contribuem para a incidência de acidentes. A sinalização com alguns problemas, a própria arquitetura urbana de nossa cidade, com muitas avenidas, ruas largas convidativas a andar um “pouquinho” mais rápido e cruzamentos perigosos propiciam maiores chances de acidentes.

E a formação dos condutores hoje como está? Será que nossas autoescolas estão formando bem nossos motoristas? Recentemente foi determinada a inclusão de aulas noturnas nos cursos de formação, pois à noite a visibilidade fica sensivelmente prejudicada. Quem sabe deveríamos ter também a inclusão de aulas práticas em rodovias, pois a maneira de se dirigir nesses locais, o comportamento do motorista é diferente do que no trânsito urbano. Ou aulas sob condição de neblina ou chuva, pois é bem mais perigoso dirigir nessas condições. Poder-se-ia incluir tudo isso no currículo do motorista, poderíamos ter as melhores ruas do mundo e a melhor sinalização, mas sem um fator ou qualidade principal que o motorista deve ter, isso tudo de nada adiantaria.

E essa qualidade simples que acredito que tem faltado no nosso dia a dia. Chama-se educação, respeito ao próximo. Parece que hoje em dia somos uma geração de super pessoas. Podemos tudo, pouco nos importa o outro. Temos todos os direitos, mas esquecemos dos nossos deveres. Isso está arraigado na sociedade de hoje e reflete na nossa convivência diária, e o transito é um dos locais onde temos que conviver. Conviver sim, e nos sujeitar as regras, pois não estamos sozinhos nas ruas.

Dentro dos nossos carros há outras pessoas, há crianças, há idosos. Nos carros que transitam ao nosso lado acreditem, também há pessoas. Há seres humanos, há pessoas que são importantes para outras pessoas. Há maridos, há mulheres, filhos e por aí vai.

O que proponho é uma reflexão. Como é o meu comportamento no transito? Estou respeitando meu semelhante? Estou dirigindo com responsabilidade? Quando há uma pessoa esperando para atravessar a rua eu espero, paro o carro para ela passar, ou pouco me importa? Alguém lembra o que é direção defensiva? Quando há uma bicicleta, moto, ou pedestre, eu procuro antecipar um possível erro, mantenho a distância segura? Eu tenho tempo de reação, eu posso frear meu veiculo a tempo em caso de emergência?

Não estamos vivendo uma corrida maluca, temos que tomar consciência que um erro cometido no trânsito pode ser causar muitos danos materiais, pessoais ou até ser fatal. Podemos afetar de maneira indelével o futuro com um ato inconseqüente. Será que vale a pena? Quem sabe possamos trafegar numa velocidade adequada, respeitar os sinais vermelhos, e não acelerar quando ele fica amarelo pra dar tempo de passar. Quem sabe eu posso sair cinco minutos antes do meu horário e assim trafegar mais devagar e com mais tranquilidade.

Estamos vivendo uma crise. E ela não é econômica. Precisamos despertar nossas consciências e fazer um autocrítica. É mais fácil culpar as autoridades municipais, o governo, o outro motorista. É bem mais fácil e conveniente colocar a culpa no outro, mas o que podemos fazer para melhorar a nossa conduta?

Outro dia um amigo distraiu-se momentaneamente e cometeu um erro no trânsito. O motorista do outro carro transformou-se em uma fera incontrolável, proferindo xingamentos e palavrões. Por pouco não pára o carro e o agride. Outro colega teve seu carro batido. A pessoa que bateu disse que pagaria o prejuízo. Depois quando foi procurada apenas disse laconicamente: “Não vou pagar. Cada um que arque com o seu prejuízo.” Onde está a palavra, o caráter, a vergonha na cara? Está em desuso hoje em dia. Mas essa já é outra questão. É isso o que queremos? Quem sabe com um pouco mais de paciência, cautela e respeito ao ser humano podemos ter um trânsito muito melhor para nós, para nossos familiares e para a sociedade. Façamos a reflexão.

A vida, pelo grande Mário Quintana

Esta vida é uma estranha hospedaria,
De onde se parte quase sempre às tontas,
Pois nunca as nossas malas estão prontas,
E a nossa conta nunca está em dia."